Nova Plebe

Democracia no Lugar de Trabalho: Qual e Como?

    Tem se tornado mais e mais comum na esquerda de outros países a discussão a respeito de “democracia no lugar de trabalho”. O nome da proposta é promissor, mas o conteúdo também? Depende.
    Fundamentalmente falando, democracia no lugar de trabalho implica em se aplicar, como o nome sugere, princípios democráticos no lugar de trabalho. Isso variaria entre o uso de mecanismos como debates e votações para definir partes ou o todo do modo de operar da empresa. Novamente, isso soa ótimo de princípio, mas até onde esta democracia vai?
    Talvez o maior ponto em comum entre ser anarquista e viver no Brasil é entender que no capitalismo só existe democracia formalmente, e olhe lá, pois às vezes nem isso. Nós entendemos que se existem eleições de tempos em tempo, onde até que é possível escolher algo que vai melhorar nossas vidas um pouco, mas não é possível se fazer nenhuma mudança profunda no sistema, porque a política é comprada pela classe capitalista e os partidos não tem interesse em mudar isso, o poder do povo que a democracia deveria significar só existe no papel.
    Se um lugar de trabalho ainda existe na lógica do capitalismo, qualquer tipo de democracia que exista nela vai ser afetada por este problema em um nível ou em outro.
    Um exemplo fácil de como a democracia no lugar de trabalho dentro do capitalismo facilmente se torna fajuta, é pensar no conceito de orçamento participativo: ele é interessante e certamente um progresso, mas se depois do voto popular o orçamento tem que ser aprovado por uma câmara, câmara essa cheia de políticos que tiveram a campanha financiada por seus amigos ricos e que recebem o dinheiro deles de outras formas, e que por isso obviamente não vão os prejudicar em benefício do povo, onde está a democracia? Oque impediria que uma dinâmica similar acontecesse com a democracia no lugar de trabalho?   
    Devemos então desistir do conceito? De forma nenhuma, novamente, é uma ideia ótima, mas precisamos pensar em como aplicá-la de verdade. Como é entendido por nós anarquistas, o capitalismo tem um problema principal que é a propriedade privada, isto é, o direito absoluto sobre algo, incluindo o direito à renda do quê é feito neste algo, esta renda inclui a renda do trabalho de outrem: esta é a fonte da tirania no lugar de trabalho.
    Quem tem poder tanto para, quanto ao ponto de, ter para si o produto do quê é feito em um lugar de trabalho necessariamente estará sempre no domínio dele, todo poder de outra pessoa lá é uma mera concessão ilusória. Ou seja, só pode existir plena e seguramente a democracia no trabalho se a propriedade privada for superada.        
    Mas oque queremos no lugar da propriedade privada desses locais de trabalho? Autogestão. Nossa proposta é que o trabalho seja gerido diretamente por quem trabalha, e sendo a gestão de quem trabalha, a propriedade também precisa ser em igual parte de todes que trabalham lá. A autogestão é a forma verdadeira de democracia no lugar de trabalho, tanto na teoria como na prática.


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