Nova Plebe

Em Defesa da Justiça e da Revolta: O Caso de Caio e Fábio no Julgamento pela Morte de Santiago Andrade

A Justiça do Rio de Janeiro marcou a data do julgamento popular dos ativistas Fábio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza, acusados pela morte do cinegrafista Santiago Andrade em fevereiro de 2014. A sessão plenária do 3º Tribunal do Júri está agendada para às 12h do dia 12 de dezembro de 2023. Fábio e Caio enfrentam acusações de homicídio doloso qualificado e explosão relacionados ao trágico incidente ocorrido há quase dez anos, quando Santiago foi atingido por um rojão na cabeça, enquanto cobria confrontos no Centro do Rio, desprovido de equipamentos de proteção individual.

Contrariando a narrativa estabelecida pelo Estado e pela mídia, que buscam promover um punitivismo populista penal e um linchamento discursivo, argumenta-se que Caio e Fábio não podem ser responsabilizados pela morte de Santiago Andrade. A natureza imprevisível da explosão do artefato descarta qualquer noção de intenção, e diversas reconstituições do incidente resultariam em conclusões distintas. Além disso, a falta de evidências conclusivas sobre a origem do morteiro suscita dúvidas, uma vez que há relatos de que a própria polícia estava equipada com morteiros no local.

A criminalização dos acusados parece se entrelaçar com a repressão à revolta popular, representando um esforço do Estado para dissuadir a participação em manifestações. É crucial ressaltar que, na época, as manifestações atraíam grandes massas e gozavam de amplo apoio popular. A acusação de assassinato foi fabricada a partir de um acidente evitável sofrido por Santiago, enviado pela rede Bandeirantes para uma zona de conflito sem qualquer equipamento de proteção.

O julgamento está confirmado, mas a rede Bandeirantes não liberou as imagens completas da câmera de Santiago, entregando apenas uma parte claramente editada, levantando questionamentos sobre o que poderia estar sendo ocultado. A busca é por adiar o julgamento, originalmente agendado para 12 de dezembro, garantindo assim que a defesa tenha acesso às imagens completas, assegurando o pleno direito de defesa de Caio e Fábio. Esta luta também se estende pela absolvição dos acusados e pela extinção de processos fabricados contra manifestantes e lutadores das jornadas de 2013.

O caso evoca situações semelhantes, como o ocorrido na Grécia em 2010, quando um incidente durante um protesto foi explorado para deslegitimar a revolta popular. No entanto, é destacado que tais estratégias não refletem a realidade, pois as verdadeiras ameaças à vida emanam de políticas de austeridade e do sistema bancário. Ao instrumentalizar a morte de Santiago, o discurso midiático e estatal visa controlar a revolta, utilizando-a para fins políticos.

A morte de Santiago não é um caso isolado, sendo apenas uma das muitas tragédias em meio a manifestações, onde outros manifestantes enfrentaram violência policial, asfixia e precarização da vida. Defender Caio e Fábio é, portanto, defender a possibilidade de resistência, o direito à revolta e uma alternativa de vida frente ao capitalismo excludente. A luta não é apenas por justiça nesse caso específico, mas contra um sistema que compromete as condições mínimas de sobrevivência. A convocação final é pela liberdade de Caio e Fábio, pelo acesso integral às imagens e pelo direito legítimo à revolta em busca de uma sociedade mais livre e igualitária. Divulgue e compartilhe.


Publicado

em

por

Etiquetas:

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *