Nova Plebe

Mentiram para Você Sobre a Não Violência

, ,

Assim que começa qualquer ato ou manifestação um pouco mais radical contra a ordem instituída, que é a ordem capitalista, os liberais seja de direita, “esquerda” ou os centristas, além de incontáveis mentiras e outras narrativas é claro, costumam puxar sempre a carta da não-violência.
Eles tentam cooptar o conceito e os movimentos históricos que usaram da não-violência como argumento para calar seus opositores, mas isso é minimamente honesto da parte deles?
Vamos tomar, por exemplo, as duas figuras mais citadas quando o assunto é não-violência, Mahatma Gandhi e Martin Luther King. Se ambos estivessem vivos hoje os liberais os apoiariam ou jogariam pedras neles? Vamos investigar hoje.
Comecemos por Gandhi. A oposição dele à violência é um fato conhecido, algumas apontam que o apoio dele à participação indiana na Primeira Guerra Mundial seria evidência que este era um discurso hipócrita por parte dele, mas esta crítica é de má-fé levando em conta que ele ainda não tinha formulado seu pensamento político na época, assim como é uma crítica moralista que não tem cabimento político para nós.
A questão é: o movimento de Gandhi foi violento? Certamente não, isto é, ao menos contra pessoas, porque certamente foi violento contra a economia inglesa.
O ato mais famoso de Gandhi foi a chamada Marcha do Sal, onde Gandhi guiou uma multidão para pegar seu próprio sal no mar. A Marcha do Sal foi crime, em todo o sentido da palavra. Ela foi um ato consciente, explícito e intencional de quebra das leis britânicas na Índia e tinha como objetivo causar prejuízo para as companhias inglesas no país, assim como normalizar a quebra das leis inglesas.
Este fato é tudo necessário para se perceber que os liberais citam Gandhi por pura hipocrisia, se o Mahatma estivesse vivo hoje eles o chamariam de “bandido”, “criminoso”, “extremista” e começariam a chorar e a nos implorar para pensar mais no prejuízo para os coitados dos empresários ingleses.
Agora com Martin Luther King Jr. seria muito pior. Se o bom doutor estivesse vivo, toda a mídia reacionária e todo político de direita faria sua carreira de o atacar e tentar jogar sua fama e reputação na lama todos os dias; oque eles estão fazendo com Júlio Lancellotti não me deixa mentir.
É fato conhecido que o suposto valor que os conservadores dão para o cristianismo, some num passo de mágica quando uma figura desta religião decide seguir o principal exemplo observável de Jesus Cristo (lê-se, se importar com os pobres), mas se o Doutor King estivesse vivo ele atrairia um ódio especial destes tipos.
A princípio de conversa, Martin Luther King era um socialista, nenhuma quantidade de cooptação por parte da direita vai mudar isso. King chegou a criticar o anticomunismo nos Estados Unidos mesmo sendo um socialista cristão e rejeitado o marxismo no fim das contas.
King também estava organizando pouco antes de seu assassinato a Campanha dos Povos Pobres (Poor People’s Campaign), ele estava se organizando para promover a igualdade de bem-estar que os liberais tanto desprezam e participar na luta de classes que a direita chama de “tentativa da esquerda de dividir as pessoas”.
Mas o fato central aqui é que nem é necessário falar de tudo isso, porque os liberais e “moderados” da época do Doutor já o odiavam e o consideravam um radical, como a charge abaixo e diversas matérias de jornais da época deixam bem claro:

Agora, Gandhi e King eram perfeitos? Não, seus programas eram insuficientes e algumas vezes seus posicionamentos também, mas a verdade é, o capitalismo é um sistema totalitário e como tal não tolera nenhuma oposição, seja violenta ou não-violenta e qualquer um que usa King ou Gandhi para tentar desencorajar a oposição ao capitalismo em nossos tempos é desonesto.

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *