Recentemente depois de uma longa sequência de más decisões por parte do magnata e propagandista reacionário Elon Musk, o Twitter (X) foi bloqueado por lei no Brasil e o público do país está migrando em massa para outras redes sociais. Ninguém sentirá falta do X.
Está crescendo devido a isso um debate bem acalorado entre a esquerda: para qual alternativa ao X deveríamos ir?
A discussão quase que imediatamente se dividiu em dois blocos: o que defender a ida para o Threads, a maior alternativa em número de usuários, mas não muito melhor em comparação, e outro bloco que defende a migração para redes menores em número de usuários, porém com diferenças significativas.
Esta não é apenas uma diferença de análise, é também uma discussão ideológica. O bloco do Threads é em sua esmagadora maioria composto pela mesma “esquerda” reacionária que expomos constantemente neste jornal, os baratões como nosso público gosta de chamar.
Esta “esquerda” não tem nenhum princípio, tomou esta decisão com base em puro oportunismo assim como em literalmente qualquer outro caso. Ela argumenta que o Threads é uma rede de massas puramente devido ao número de usuários… Hora esta, esta gente acha que a Marcha sobre Roma foi um evento de massas e, portanto, deveria ser apoiado por ser grande? Tenho medo de responderem com um “sim”.
Não somos sofistas, logo entendemos que “argumentos” não são nada frente ao que é observável na realidade.
Nós entendemos que apoiar qualquer coisa simplesmente porque o povo (aparenta) o apoiar não passa de oportunismo de direita do tipo mais barato. É uma questão muito lógica esta: no status quo atual a ideologia convenceu boa parte do povo que revoluções são algo ruim, e não mudamos nossas convicções por causa disso.
Mas por que não mudamos, e por que a dita “esquerda” reacionária cai neste erro? É uma diferença de princípios simples que se reflete em uma diferença teórica básica: nós queremos de fato uma revolução, nós não somos anarquistas (ou socialistas, ou comunistas, etc.) da boca para fora, não estamos tentando enganar ninguém, e justamente por isso entendemos que no atual momento somos o elemento mais avançado do povo. Nossa missão para com o progresso é carregar e zelar pelos interesses de longo prazo dos povos.
Da mesma forma, nossa outra diferença é que intelectualmente falando não somos miseráveis, e entendemos que oque é popular hoje pode perfeitamente ser abandonado amanhã e vice-versa.
Com os reacionários dentro da esquerda a conversa é outra. O dever deles é somente com os próprios bolsos, e no capitalismo este é um compromisso com o regresso. Eles sabem que de revolucionário só tem em aparência, de que precisam se vender falsamente como uma esperança ao mesmo tempo que eles não avançam, ou carregam, nenhum interesse dos povos que ultimamente vai entrar em choque com o capital. Em termos simples, eles são reboquistas.
Agora que as forças nessa discussão foram muito bem estabelecidas, vamos falar sobre teoria por um momento. Oque nosses camaradas mais antigues nos revelaram que podem servir como base para qual escolha tomar?
Há muito tempo o anarquismo esteve no meio de uma discussão com alguns paralelos.
De forma resumida, no século XIX (quando o anarquismo começou a ser teorizado) era uma época de mudança. As monarquias absolutistas da Europa estavam caindo e as repúblicas estavam entrando no lugar delas.
Contudo, havia um tipo especial de república que estava causando entusiasmo no meio anarquista: as federações.
As federações se mostravam muito melhores que o monarquismo absoluto da época, porque em contraste com a centralização do poder e tomada de decisões no monarca, as federações abriam espaço para tomadas de decisões regionais.
Em seu livro A Ideia Geral de Revolução no Século XIX, Proudhon escreveu algo revelador:
Sob a máquina governamental, à sombra das instituições políticas, longe da vista dos estadistas e padres, a sociedade está produzindo seu próprio organismo, lenta e silenciosamente; e construindo uma nova ordem, a expressão de sua vitalidade e autonomia, e a negação da velha política, bem como da velha religião.
Oque Proudhon diz aqui é que mesmo no regime mais centralizado e totalitário a política ainda não é decidida por um grupo ou pessoa só, e ainda se dá em diferentes níveis com diferentes interesses. O federalismo é um sistema político superior ao monarquismo justamente porque ele abraça este fato, tanto ele (Proudhon) quanto Bakunin, e praticamente todo o movimento posterior, percebiam isso e defendiam que a sociedade anarquista funcionasse de forma similar; o anarquismo é um tipo socialista de federalismo.
Mas oque tudo isso tem a ver com a queda do X e com qual nova rede social escolher? Tudo: mais uma vez existem paralelos à vontade.
O mais novo monarca da internet, Elon Musk, está colocando fogo no próprio império de forma muito similar às acusações feitas contra Nero. A grande questão é para onde ir agora.
E assim como na época dils primeires anarquistas, nós estamos começando a ver um embate entre uma alternativa que é mais do mesmo, o Threads, parte do Meta e propriedade do Sr. Zuckerberg, que por sua vez não é nem um pouco melhor que o Sr. Musk, e propostas melhores.
O Mastodon, parte do Fediverso, é uma alternativa descentralizada, de código aberto (livre) e estando à esquerda do Twitter (X). Embora ainda seja relativamente pequeno, ele se destaca por necessitar que cada perfil seja parte de um servidor, ou instância. Algumas destas instâncias são abertamente anarquistas, LGBTQIA+ e o público geral dessa plataforma tende ao antifascismo.
Uma alternativa maior é o Bluesky, que também se propõe a ser descentralizada e de código aberto, para qual boa parte do público brasileiro do antigo X está migrando, assim como parte do público estrangeiro para acompanhar esta mudança populacional, é frequentemente relatado que artistas e influencers já estão migrando em larga escala para o Bluesky.
Este último também se destaca pelo tratamento que está dando para atividades reacionárias dentro de si. Relatos apontam que o banimento de contas fascistas, racistas, LGBTQIA+fóbicas, etc., é bem rápido, assim como o público da plataforma age de forma inteligente para isolar a direita; por exemplo, com lista de contas para serem bloqueadas. Este jornal, o Antiordem, e boa parte do nosso grupo de coletivos já está presente no Bluesky; handles no final do artigo.
Para uma breve conclusão: enquanto podemos ver que o oportunismo inerente à “esquerda” institucional e reacionária tenta em toda oportunidade nos levar na direção de quebrar o mínimo possível com o capital, alternativas melhores sempre serão possíveis e a nossa ação dentro delas garantem o progresso.
A Classe Vencerá.
Handles do Bluesky:
https://bsky.app/profile/antiordem.bsky.social
https://bsky.app/profile/novaplebe.com
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